Os Nossos Whippets

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"O NASCIMENTO DE UMA RAÇA"
Por Fernando de Albuquerque
(Presidente do Whippet Clube de Portugal)

Poucas situações são mais divertidas - ou ridículas, conforme o ponto de vista - do que tentar provar a nobre e milenária ancestralidade da nossa própria raça de cães. Qualquer insignificância é o suficiente para provar que a raça que nos agrada existia já na sua forma mais pura há milénios...

No entanto, os "Pedigrees" e os Livros de Origens só viram a luz do dia no século XIX. A primeira exposição canina realizou-se em Inglaterra em 1859 e o Kennel Club foi fundado em 1873...

É claro que alguns "tipos" de cães são muito antigos mas durante séculos as pessoas preocuparam-se muito pouco no sentido de melhorar ou preservar as raças...

É certo que certas raças com características mais apreciadas como cães de caça, de guarda, de corrida ou de beleza foram sempre tratadas por um ou mais grupos de pessoas de uma forma especial no sentido de melhorar essas características ou mesmo de tentar evitar "contaminações" estranhas à raça. Mas todas as tentativas de preservação de uma raça pura que durasse séculos foi sempre infrutífera e somente os traços mais funcionais ou desejáveis se mantiveram durante milénios.

As mais antigas gravuras conhecidas de cães do tipo "GALGO" datam de cerca de 6.000anos A.C.. Durante os séculos seguintes vários tipos de cães elegantes e de membros longos foram retratados especialmente na zona do Médio Oriente. Muitos são semelhantes aos Greyhounds, Pharaoh Hounds e Salukis de hoje. No entanto, temos a certeza de que eram raças longe de serem puras. Todas estas raças eram enormes. Raças semelhantes foram detectadas, mas mais pequenas, no antigo Egipto e Roma. Diz-se que Cleópatra teve vários destes cães mais pequenos, dos quais temos a certeza de serem os antepassados do Whippet e do Galguinho Italiano.

Os cães do tipo Whippet aparecem na Idade Média e na Renascença, provavelmente "sobreviventes" à queda do Império Romano. Estes cães foram sempre caracterizados por uma óptima aptidão para a caça mas todos eles tinham tamanhos muito variáveis.

A ideia vulgar do Whippet é a de uma raça relativamente recente. Nos séculos XVIII e XIX os cães do tipo Whippet pertenciam às pessoas mais pobres, que não tinham meios para sustentar um Greyhound, isto também porque os "Grandes Senhores" desejavam guardar para si os grandes Greyhounds de corrida. O Whippet tornou-se assim o "Greyhound dos pobres" e eram muitas vezes utilizados para a caça ao coelho e à lebrea fim de aumentar o rendimento familiar.

Os Whippets "originais" foram frequentemente cruzados com outros cães, na maior parte dos casos com Terriers, que deveriam dar à raça mais "fibra" e por vezes pelagens mais espessas. Houve por isso Whippets de pêlo duro ou longo, nos anos 20 e 30, quer na Europa quer na América.

Todos estes cães foram, devido à sua velocidade, utilizados desde o século passado nas corridas, aos Domingos e Feriados como passatempo das classes trabalhadoras e mais pobres.

Houve várias tentativas de considerar como Whippets puros os cruzamentos do Whippet com os Terriers, Collies, Greyhounds e Spaniels no sentido de reconhecer o whippet de pêlo comprido, mas tal nunca foi conseguido.

Todas estas tentativas desapareceram no século XIX com o aparecimento e implantação dos grandes criadores ingleses. Durante as últimas décadas eles elevaram o Whippet da obscuridade em que estava mergulhado até ao seu estado actual, como uma das raças mundiaia universalmente mais respeitada, aceite e admirada.

(In Boletim nº1 do Whippet Clube de Portugal)