nel Visitante
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Enviada: Dom Jan 28, 2007 7:07 pm Assunto: Raças perigosas? |
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Raças perigosas?
Eu às vezes digo que já sei tudo sobre cães e em parte é verdade. Julgo que sei o suficiente para lidar com os meus cães, isto comparando-me com a maioria dos donos com quem me vou cruzando, que são uns autênticos analfabetos na matéria.
Devo dizer que os meus cães praticamente não precisam de manuais de instruções
De facto, se por azar eu tivesse adquirido cães de grande porte em vez de whippets (tadinhos dos meus lingrinhas, muito os desvalorizo) por ex. um boxer, um doberman, um pastor alemão, desses assim maiorzitos com os quais já é preciso tirar a carta de pesados , o mais certo era eu ainda andar por aqui aflito a aprender aquelas coisas todas sobre treino. Mas os meus são como aqueles carritos com motor de bicicleta em que não é preciso carta. Já nascem assim, como dizer, prontos a usar.
Bom, brincadeira à parte, eu de facto tento tratá-los realmente como cães, independentemente de serem mais ou menos dóceis, pois mais vale prevenir do que remediar e disciplina e educação nunca fizeram mal a ninguém, já dizia o meu avô.
Mas reconheço perfeitamente que certas raças de cães merecem um muito mais aturado cuidado em matéria de treino.
Quando me refiro aqui a certas raças não estou a cingir-me àquelas consideradas “potencialmente perigosas”. Estou a considerar CÃES EM GERAL, sejam de raça ou sem raça definida, tanto de grande como de pequeno porte.
Isto parece lógico, mas às vezes a lógica é mesmo uma batata. Se não vejamos.
O que me faz propor este tema é uma história que vou tentar contar muito resumidamente, que se passou com uns amigos meus a quem ofereceram um cão há já uns bons anos atrás.
O cão, por acaso, não tem raça definida mas podia ser de raça. É de pequeno porte, direi mesmo de pequeníssimo porte e, quando foi lá para casa, era um cachorrinho adorável muito fofinho e muito lindo.
Os meus amigos não tinham qualquer experiência anterior de lidar com cães. O bicho foi crescendo (muito pouco porque ele é mesmo um meia-leca), mas em pouco tempo tomou conta da casa e passou a mandar em toda a gente.
Já mordeu a dona, a vizinha e morde noutras pessoas se por acaso aproximarem a mão para lhe fazerem uma festa.
Essas mordidelas não foram graves nem fatais, mas não se dispensou a ida ao hospital.
Moral da história: “para quê treinar uma amostra de cão? Tão pequenino e tão lindo...”
Infelizmente, é esta a postura de praticamente todos os donos de cães de pequeno porte, sejam ou não de raça.
Por exclusiva leviandade e ignorância dos donos, as consequências de um cão ao qual não foi dado o devido cuidado e respeito como animal e humanizado até às últimas consequências (como terá sido aqui o caso) são diversas.
Estes cães vão crescendo e vão criando problemas, mas os donos nunca assumem a sua culpa e atribuem-na sempre à “má índole” do cão quando, efectivamente, são eles (donos) os únicos responsáveis pelo comportamento do animal.
As consequências destas situações tão comuns são diversas:
A forma mais fácil, mas tardia, de o dono querer corrigi-lo é, injustamente, dar-lhe porrada à bruta. Outra é acentuar e perpetuar o erro: “deixa-o, se não ele zanga-se”. Outra é abatê-lo, que já não há pachorra para aturar o raio do animal. Outra ainda é abandoná-lo...
Ou então, gramam-no. Os donos sofrem e o cão também.
Esses meus amigos, entretanto, foram-se afeiçoando ao cão logo de início. Ele lá terá evidentemente as suas virtudes... E, nesta área dos afectos, é sempre tudo muito subjectivo. Não usaram qualquer desses “remédios”. O cão lá continua em casa e cada vez é mais chato.
Eu deixei de os visitar porque não tenho paciência para aturar o meia-leca e prefiro que eles me visitem a mim. E digo-lhes sempre: prefiro os meus, que nem são cães nem são nada , mas gosto deles assim
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