Os Nossos Whippets

kitten · Registado em: Sábado, 9 de Dezembro de 2006 Mensagens: 155

Recebi hoje um mail que me deixou boquiaberta e por me parecer que há para aí muita gente que não sabe o que é o LOP e para que serve, fui buscar um texto que escrevi para outro forum e vou colocá-lo aqui.

Nel se por ventura não for aqui o local indicado muda por favor.

Vamos ver como se define em termos gerais uma raça de cão:

A definição mais genérica e recorrente para o termo raça é: Grupo de animais de uma mesma espécie que possuem características comuns e, em alguma medida, diferentes de outros indivíduos da mesma espécie, e que são capazes de transmitirem essas mesmas características aos seus descendentes.
Para que esses grupos mantenham essa distinção devem permanecer isolados naturalmente (por motivos geográficos, p ex.) ou artificialmente (pela intervenção humana).

As mesmas leis genéticas que determinam a transmissão de características externas (aparência) definem as aptidões funcionais. A diferença é que se pode ver com muita facilidade o resultado da hereditariedade das características externas e pouquíssimas são as características funcionais possíveis de serem percebidas pela visão. A maioria depende de testes funcionais (provas de velocidade, de aptidão para trabalho, de força muscular, de docilidade, de resistência, etc.).
No passado todas as raças de cães, como de resto todos os animais domésticos, surgiram por diferenças funcionais e não de aparência. Cães pastores distinguiam-se dos galgos não porque eram peludos e robustos, mas porque tinham instinto e aptidão pra pastorear. Já os galgos eram seleccionados e procriados por serem velozes, terem uma visão privilegiada e um desejo enorme de perseguir animais silvestres, e não por serem altos ou terem pelo curto.

COMO SE PROVA QUE UM CÃO É DESTA OU DAQUELA RAÇA

A única maneira de se poder provar que um cão é duma determinada raça é somente pela apresentação do seu registo no LOP (Livro de Origens Português).
No entanto e se o cão for de raça nacional e não tenha LOP pode apresentá-lo a um juiz da raça de modo a conseguir o RI (registo inicial), desse modo pode participar em exposições, mas atenção que cachorros filhos de cães com RI não podem ser registados no LOP.

Como exemplo, aqui está um exemplar de LOP

http://whip04.no.sapo.pt/images/rita04.jpg

O LOP (pedigree) é o registo do parentesco ascendente dos animais chamados de raça pura. Este registo é feito em entidades oficialmente reconhecidas e, dentro do alcance de cada uma, tem aceitação de idoneidade e valor como documento legal.
No pedigree canino estão registados todos os ascendentes imediatos: pais, avós e bisavós, totalizando catorze nomes fora o do próprio cão. Cada nome vem acompanhado dos títulos que eventualmente tenham sido obtidos pelos animais até a data do registo.
Consta também uma descrição sucinta do cão, o nome do criador (dono da mãe), do proprietário, o número de registo e nº. de chip ou tatuagem.

A Entidade que faz o registo no LOP e posteriormente emite o certificado, no caso de Portugal é o Clube Português de Canicultura (www.cpc.pt).

Um pequeno conselho, não compres animais a quem não te mostra os pais, não compres animais com menos de 10 semanas de idade, não compres animais a quem cria muitas raças diferentes, desconfia sempre de quem te pergunta se queres cão sem pedigree ou com pedigree. Não compres animais sem visitar o criador de modo a verificar as condições em que os animais são criados. Não compres animais filhos de progenitores agressivos.

Escusado será dizer que qualquer cão sem LOP é para todos os efeitos considerado rafeiro.
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Madalena Marques

osnossoswhippets · Enviada: Sex Mar 26, 2010 12:21 pm Assunto:

Madalena, o texto está óptimo e o espaço para editá-lo pode ser mesmo este. Aliás, já estou arrependido se ter criado tantas secções, mas a própria estrutura do fórum assim o pede...

Se me permites, eu gostaria de realçar dois aspectos do texto, aparentemente insignificantes, mas que poderão causar alguma confusão em relação às pessoas que não estão familiarizadas com estas designações.

Literalmente, não é muito correcto dizer que um cão TEM LOP. Costuma dizer-se assim por exclusiva facilidade de expressão. Aliás, eu próprio também costumo dizer assim...

LOP, como referiste no teu texto, significa Livro de Origens Português, tal como LOF significa Livre d' Origine Français, etc.
É mais correcto dizer-se que um cão tem PEDIGREE, que é a árvore genealógica do cão e que se traduz formalmente num documento passado pelo Clube Português de Canicultura, tal como exemplificas atrás com o da tua Rita.

Assim, facilmente se depreende que um cão só pode ter PEDIGREE se for registado no LOP através do (único) organismo oficial competente: o CPC.

Esta explicação poderá parecer excesso de preciosismo, mas pelas cofusões e dúvidas geradas noutros fóruns, nomeadamente na arca de noé quando estes assuntos eram lá tratados, julgo que não se perde nada em se especificar melhor.
Só espero não ter gerado mais confusão Rolling Eyes

Há outros aspectos que também gostaria de referir, mas prefiro abrir outro post para separar os assuntos.

osnossoswhippets · Enviada: Sex Mar 26, 2010 5:55 pm Assunto:

Há cães que são puros mas não têm pedigree, isto é, não estão registados no LOP.
Será correcta esta afirmação?

Correcta é, embora com muitas reservas.
Vamos por partes.

Pela experiência que tenho tido através do site e inerente interacção com muitos donos de whippets, tenho verificado que um relativo elevado número de exemplares não é registado no LOP. Isso acontece por variadíssimos factores. O mais comum é mesmo a ignorância. Ou uma enorme leviandade.
Em muitos casos, as pessoas julgam que o “papel” (o documento emitido pelo CPC – o pedigree) só serve para poderem submeter os seus exemplares a concurso. Mas como não pretendem vir a fazê-lo, partem do princípio de que não vale a pena registar as ninhadas.

Considerando a hipótese de um cruzamento entre dois exemplares puros e registados no LOP, como é fácil de compreender, se a respectiva ninhada não for registada, cria-se uma geração de exemplares que, sendo puros (porque os seus progenitores o são), efectivamente, essa pureza não pode ser comprovado oficialmente.
Dirá o dono: quero lá saber, eu sei que ele é puro...

O grave inconveniente disto é gerar-se um processo de criação de sucessivos exemplares de que, naturalmente, se vão perdendo as origens, não apenas relativas ao seu “bom nome” mas especialmente as origens das suas características que garantem a sua genuinidade.

Vale a pena referir que os concursos não servem para os donos se divertirem exibindo os seus exemplares. Servem para aferir a qualidade do cão, determinando-se inclusivamente se será OU NÃO um bom reprodutor.
Se não for um bom reprodutor (por variadíssimos factores que talvez não valha a pena enumerar aqui) o dono não o deverá cruzar para não degenerar a raça.

Como se depreende, nos (infelizmente) inúmeros casos em que os cruzamentos são feitos “à balda”, sem os mínimos conhecimentos indispensáveis e com exemplares que possuem um ou mais defeitos, estes serão transmitidos aos seus descendentes que, por sua vez, os passarão a novas gerações.

Dada a enorme ignorância que existe no público em geral, proliferam facilmente “criadores” que impingem cachorros a preços acessíveis (ou não...), fazendo-os passar por puros.
Por outro lado, é relativamente fácil falsificar os documentos do LOP.
Por isso, é conveniente seguir os conselhos que a Kitten expôs no seu post. Não comprar a desconhecidos, nas lojas ou a comerciantes que criam mais do que uma raça. Normalmente, vendem gato... por lebre.

Considero-me insuspeito a aconselhar isto porque não sou criador, não penso vir a sê-lo e não estou de qualquer modo ligado aos criadores que estão mencionados no site na página respectiva ( http://whippet.no.sapo.pt/criadores.htm ). Aqui, limito-me a passar a informação que me é facultada pelo CPC.