Os Nossos Whippets

nel · Visitante

Às vezes entre as pessoas não é fácil distinguir entre medo e respeito. Entre um sentimento e o outro a fronteira é muito diluída.
Estou convencido de que muitas pessoas ao lidarem umas com as outras não distinguem, elas próprias, se têm medo ou respeito por ex. em relação aos superiores hierárquicos nas suas actividades profissionais. E também ao imporem a autoridade às pessoas mais próximas (filhos, por ex.), poderá haver a tentação de imporem o medo em vez do respeito.
Muitas vezes só em circunstâncias limite ou críticas é que se percebe o que é uma e outra coisa. De facto, muitas vezes tem-se medo e não se tem respeito absolutamente nenhum.

E com os cães? O que é que funciona? Medo ou respeito?
Lidar com um cão criando-lhe medo é relativamente fácil. Mas impor-lhe respeito julgo que é muito mais complicado. Esse trabalho passa muito por fazer entender ao cão a sua posição inferior na hierarquia, o que nem sempre é fácil para a maioria das pessoas, que caem na tentação de humanizarem o animal em vez de o reduzirem à sua condição de animal que ele é sem realmente querer ser humano.

Quando se educa um cão, quantas vezes se tem que usar uma voz firme, um gesto que o intimide ou mesmo uma palmada forte ou suave, com a mão ou com o jornal.
Ele fica com medo do dono ou com respeito pelo dono?
Julgo que esta questão posta assim é de difícil resposta porque é muito vaga e depende de muitos factores, entre muitos, com o temperamento do cão.

Há quem castigue de outra forma. Ele fez asneira na rua e, chegado a casa, fica de castigo no quarto escuro. Ganha medo, respeito ou não percebeu porque raio foi parar ao escuro?

Kira · Enviada: Ter Jan 09, 2007 1:39 am Assunto:

Olá Nel,

Essa do medo ou respeito, é uma boa questão, tanto no que diz respeito a humanos, como em humanos e animais e já agora... mesmo entre animais!
Estou de acordo com tudo o que refere. Embora eu tenha uma percepção intuitiva do que é medo, respeito e muitas outras emoções/sentimentos, enquanto outras pessoas terão uma forma mais racional ou lógica... eu normalmente, ajo por instinto e confesso, sempre me saio muito bem, quer com animais, quer com humanos.

De qualquer forma, partindo do pressuposto que o medo (tão actual nos dias que correm) nada tem a ver com respeito, porque enquanto no primeiro trata-se de uma inquietação, ou apreensão de perigo/ameaça iminente, provocador de stress, no segundo é algo bem mais agradável, um misto de afecto, admiração, consideração, confiança, etc...

É certo que se nos compararmos aos nossos pets e olharmos o nosso superior hierárquico da mesma forma - o leader da matilha - poderemos experimentar, ou não, os mesmos instintos básicos - medo ou respeito;
também é certo que muito vai depender das acções do tal leader;
e nisto já estaremos a envolver outras tantas emoções/sentimentos/valores, como justiça, ética, compreensão, comunicação, consciência, etc...

Isto tudo para chegar a um único ponto:
- Se nós nos questionamos perante estes paradigmas/modelos e determinadas atitudes, tanto nossas, como dos animais, que dizer quando é o próprio animal que age com respeito, ou medo, perante determinadas atitudes, ou perante determinados humanos?
Afinal eles pensam... ou é puro instinto?
Terão consciência como nós?

Bem sei que estes sentimentos (medo e respeito) são básicos, mas ao mesmo tempo complexos para nós e... nos animais, diria que são quase espontâneos.

Teremos nós perdido essa capacidade de julgamento espontâneo, com os artifícios sociais?

Mas os animais também têm a sua própria sociabilidade/hierarquia quando vivem em grupo e agem de acordo com as mesmas, porém quando vivem com os humanos submetem-se (alguns) às normas/modelos deles.

Dá que pensar... mas, uma coisa é certa com medo nada funciona, ou se funciona é efémero.
Com respeito é perfeito e respeito é bilateral.

Eu tento não "humanizar" os meus animais, contudo creio que eles próprios se "humanizam", adoptando os nossos hábitos, as nossas formas de estar, aceitando-os como seus, porque também foram aceites na família, embora tenham também eles as suas próprias características, hábitos e formas de estar.

Mais, eu atrevo-me a comparar um cachorro a um filho de tenra idade (mal comparado é certo) mas, pela minha experiência, quando o meu filho tinha cerca de 3 anos e tentava impor-se aos adultos mais chegados, como pessoinha que já era, tentava fazer exactamente aquilo que queria, contrariando os adultos e a teimosia era a arma utilizada.
Por vezes, dizer não, não era suficiente e a voz subia de tom e a cara era bem feia... outras vezes, nem assim lá ia e a palmada no rabo era inevitável.
Depois da choradeira inerente (ou amuo) vinham as explicações acerca do erro e tudo se compunha.

O cachorro faz exactamente o mesmo, tenta impor-se aos demais, até que haja alguém que o faça ficar no seu lugar.
Não gosto, nem nunca gostei de bater, seja em crianças, ou animais mas, às vezes tem de ser, um "tira pó" acompanhado dos adjectivos "feio e mau", em oposição ao "lindo" quando eles fazem algo bem.
Claro que depende muito de indivíduo para indivíduo (racional, ou não) mas, quando os afectos existem, tudo se resolve a contento das partes.

E por afectos... nada de confusões!
Filho é filho... pet é pet, como patrão é patrão, conhaque é conhaque!!!

Mr. Green

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"Nenhuma mente que se abre para uma nova ideia voltará a ter o tamanho original."
(Albert Einstein)